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A HISTÓRIA DO DINHEIRO

    Nos primeiros anos da civilização humana, o mecanismo mais comum e difundido para realizar transações económicas era a troca: a troca simultânea de um produto por outro. Dessa forma, um pescador poderia, por exemplo, entregar um pedaço de peixe a um ferreiro em troca de pregos de ferro. No entanto, à medida que a civilização começou a se desenvolver, as trocas comerciais tornaram-se cada vez mais complexas. Por um lado, tornou-se difícil medir os bens com precisão para garantir que as quantidades trocadas fossem equivalentes em valor, bem como transferir grandes quantidades de produtos pesados e volumosos para os locais onde as trocas costumavam ocorrer. Por outro lado, muitas vezes era difícil encontrar alguém que quisesse o que você tinha e estivesse disposto a oferecer em troca o que você queria.

    O dinheiro surgiu como uma forma de resolver todas essas dificuldades. Era fácil de transportar, dividir e armazenar e também acabou com a questão de determinar valores equivalentes nas trocas.

    Os primeiros itens usados como dinheiro incluíam gado, ferro, sal, conchas, bacalhau salgado, peles de animais, grãos, açúcar, tabaco, pregos e bens semelhantes. Com o tempo, metais preciosos como prata e ouro gradualmente se tornaram a forma preferida de dinheiro-mercadoria.

    Na Mesopotâmia, a prata era usada sob o reinado do rei Shinkashid, que governou Uruk no século XIX a.C. Os historiadores descobriram a primeira lista de preços conhecida, que mostra a quantidade de bens que podiam ser obtidos com um siclo, uma determinada quantidade de prata. Alguns códigos legais mesopotâmicos, como o Código de Hamurabi, também estabeleciam multas para aqueles que cometiam infrações, expressas em siclos.

    A prata e o ouro, ao contrário dos cereais, não se estragavam, o que os tornava extremamente úteis e os transformava num método amplamente aceite para efetuar pagamentos em qualquer lugar. As regiões com acesso ao ouro e/ou à prata gozavam de vantagens económicas extraordinárias. Foi o caso do reino da Lídia, na Ásia Menor ocidental (atual Turquia), onde foram criadas as primeiras moedas da história.

    Os reis da Lídia emitiram as primeiras moedas conhecidas no final do século VII a.C., feitas de ouro branco, também chamado de «eletro». Eram cunhadas, ligeiramente arredondadas e achatadas.

    Com o tempo, certas imagens substituíram completamente as estrias. Os motivos mais comuns nas moedas antigas de electrum são animais, inteiros ou em parte. Estes incluem animais selvagens e domésticos, criaturas reais e míticas, espécies terrestres, aquáticas e voadoras, bem como vertebrados e invertebrados.

    A ideia foi rapidamente adotada pelos gregos e, em pouco tempo, quase todas as cidades e colónias gregas, do sul da França até à costa norte do Mar Negro, começaram a produzir as suas próprias moedas.

    Mais tarde, no século III a.C., os romanos adotaram a moeda dos gregos e criaram a primeira sociedade totalmente monetizada. As moedas eram usadas nas transações diárias da maioria dos romanos, gerando uma enorme procura. Os romanos aproveitaram essa procura e tornaram-se hábeis no uso das moedas como forma de propaganda. Eles desenvolveram uma «linguagem» de abreviações e símbolos nas suas moedas, algumas das quais ainda hoje são usadas.

    Após a queda do Império Romano, o uso de moedas continuou, mas o comércio e a atividade económica tornaram-se mais localizados. Na Europa medieval, as moedas eram frequentemente cunhadas por governantes locais e o seu valor podia variar muito de uma região para outra. Para facilitar transações maiores, comerciantes e bancos começaram a emitir notas promissórias e letras de câmbio, estabelecendo as bases para as primeiras formas de papel-moeda.

    O papel-moeda surgiu pela primeira vez na China durante as dinastias Tang e Song e mais tarde espalhou-se pela Europa no século XVII. Ao contrário das moedas, o papel-moeda era mais fácil de transportar e permitia redes comerciais mais complexas. Com o tempo, os governos nacionais e os bancos centrais estabeleceram moedas oficiais, regulamentaram o seu valor e introduziram sistemas bancários padronizados.

    Na era moderna, o dinheiro continuou a evoluir. Os métodos de pagamento digitais, os cartões de crédito e a banca online transformaram a forma como as pessoas realizam transações. Mais recentemente, surgiram criptomoedas como o Bitcoin, oferecendo novas formas de armazenar e transferir valor sem a necessidade de bancos tradicionais. Apesar destas inovações, o papel fundamental do dinheiro como meio de troca, reserva de valor e unidade de conta permanece inalterado.

    Referências:

    1. American Numismatic Association. (s.d.).
      Exposição sobre a história do dinheiro.https://www.money.org/money-museum/history-of-money/
    2. Britannica. (s.d.).
      Origens das moedas. https://www.britannica.com/money/coin/Origins-of-coins
    3. Garzón Espinosa, E. (2019).
      A origem do dinheiro a partir da abordagem dinheiro-dívida. Revista Ibérica de História do Pensamento Económico, 6(1), 37–54. https://doi.org/10.5209/IJHE.64117
    4. National Geographic. (s.d.).
      Nascimento da moeda. https://historia.nationalgeographic.com.es/a/nacimiento-moneda_16542